segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Filme a Metro

Personagens:
O cego de pé, à espera do comboio, que recolhe a bengala, para a distender quando o comboio chega;
O jovem que escreve um SMS com os dois polegares, como se estivesse a jogar numa consola;
O rapaz, filho de um invisual, que baixa os olhos quando me apanha a olhar para o pai, como se carregasse o mundo aos ombros;
A mulher sentada, que o puxa o decote para cima quando um homem se posiciona de pé junto ao seu banco;
Os colegas que se encontram, cumprimentam, falam brevemente e depois não têm conversa para o resto da viagem;
Os que falam efusivamente de microbiologia;
Os de olhos fechados; Os que dormem;
Os de olhar vazio;
Os que lêem livros, revistas, jornais gratuitos e a leitura dos outros;
Os da tarde, os da manhã;
Os que desviam o olhar, os que desviam o olhar do reflexo da janela;
Os observadores;
Os outros;
Os que lá estão e passam despercebidos.

Um ruído silencioso.
Um silêncio compreensível.

5 comentários:

  1. Sim, o filme do nosso mundo quotidiano é constituído por isso tudo e mais alguma coisa...
    mas é mau quando se vive a metro.

    Obrigada pela visita e comentário.

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  2. Perla, aqui era mais no metro(politano) mas às vezes também é a metro.

    Grato pela visita.

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  3. é isto a vida e as suas personagens!

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  4. Resta saber o que mais se esconde por trás de cada uma dessas vidas!
    Gostei das observações... os que lêem a leitura dos outros, os que desviam o olhar do reflexo da janela... pois é. :)

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  5. por vezes gosto de ouvir o "ruído silêncioso".

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