quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Desassossego

Constato que quando estamos confortáveis com a vida vamos ficando acomodados e deixamos de apre(e)nder. No entanto, o mundo não se compadece com o comodismo e arranja uma forma de nos ultrapassar e às vezes nos esmagar. Depois vem o sofrimento, a instabilidade, a procura de ajuda, a mudança de interesses, a sensação de termos estado adormecidos.

Receio que, se nos voltarmos a equilibrar, se entre novamente no laxismo. Será que existe um equilíbrio, onde a memória, o vento na cara ou outro estímulo qualquer nos alimente a procura, o querer mais, sem ser necessário ir à praia durante a noite assistir a uma tempestade? Sem fazer como os artistas que procuram estar em carne viva (não gosto do termo mas aqui transmite o pretendido) para continuarem a produzir? É necessário estar mal para procurar ser melhor, para estar receptivo, para observar, para arriscar?

Este post foi escrito na primeira pessoa do plural apenas por pudor. Não quero estar a generalizar. E depois de ler uma entrevista do António Lobo Antunes, que cada vez mais associo a desassossego. Retive várias frases mas acho que o objectivo deste espaço é ser pessoal. Se estiver constantemente a citar deixa de o ser. Aqui está o link.

4 comentários:

  1. Estar menos bem pode ser um alerta para nos fazer avançar na procura, desde que não se caia em estados depressivos que causam desinteresse pela vida, pondo em causa tudo o que se fez até aí e até a importância de continuar a lutar pelos objectivos pessoais (e não só).
    Estar bem e optimista faz avançar mais rapidamente, ganhando-se força para essa procura.
    O equilíbrio que nos alimente na procura, penso que se prende sobretudo numa estabilidade emocional, sobretudo connosco mesmos. Só estando bem, teremos o discernimento necessário para vermos por onde ir assim como as forças para seguir.

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  2. Primeira pessoa do plural!?

    constato
    receio
    não gosto

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  3. Demóstenes, tens razão, foi uma mistura. Nos exemplos que apontas pareceu-me inadequado utilizar o plural pois iria ser o majestático. De qualquer forma, as formas verbais não eram o essencial da mensagem, como sabes…

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  4. FD,

    A mensagem, essa, é clara e exigente. Já comprei até uma metafórica cama de pregos, muito à faquir, de modo a nunca me sentir confortável e acomodado.

    A propósito do Bismarck, deixei uma adenda ao teu pertinente comentário, em forma de outro, no meu blogue.

    Abraço cordial

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