sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Telefonia sem fios

Nos últimos tempos, as estações de rádio preferidas no carro são a Orbital e a Antena 2, mais a primeira, com som bastante alto. E danço, danço muito.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Janela

Quase por acaso, fui ao Museu da Cidade (de Lisboa). Quase por acaso, entrei no Pavilhão Branco. Quase por acaso, fui a uma sala grande onde só estavam alinhadas 5 cadeiras, com uns auscultadores e um folheto em cima de cada uma delas. Coloquei-os, sentei-me virado para uma janela enorme que permitia ver o jardim, os pavões e uma criança a brincar. Identifiquei o som de uns pássaros e da chuva forte e tive um momento de paz.

O trabalho patente na sala descrita foi criado por Nuno da Luz e está relacionado com “ecologia acústica”. Habitualmente, a minha vertente arrogante implica com palavras como projectos, instalações, performances e ainda com a retórica pastilha elástica das descrições dessas montagens, que habitualmente não frequento. A última exposição que recordo, no Museu da Cidade, era composta por umas palavras construídas com milhares de corpos de moscas.

Aquela sala deliciou-me. Permitiu-me ler uma página de um livro, estar em contacto com a natureza através do som e ter o isolamento de (quase) tudo o resto. Estive noutro patamar. A análise daqueles minutos suscita-me referências ao prazer da descoberta de algo completamente inesperado; à raridade dessas ocasiões; à efemeridade da presença das emoções daquele momento, agora já só quase palavras; à dificuldade de o comunicar, verbalmente ou aqui; à tentativa de fazê-lo perdurar; ao regresso à realidade; à improbabilidade de lá voltar e o receio da quase certeza de o resultado ser diferente, perante outras expectativas. Num dos textos do folheto colocado em cima das cadeiras estava uma frase semelhante a “se começar a embrenhar-se na explicação dos sons, feche este livro e simplesmente oiça”.

Há uns anos, quando fiz um breve passeio num vale (Eng-Alm) dos Alpes austríacos, o prestável guarda-florestal da zona referiu que para observar a natureza era preferível andar lentamente e por vezes parar, só para ficar sentado. Nessa altura vamos reparando nos pormenores e a vida vai aparecendo à nossa volta. Tenho poucas dessas contemplações mas realmente agradam-me quando acontecem.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Publish or perish

Quais são os motivos que levam quem está a ser fotografado, principalmente do sexo feminino, a inclinar a cabeça para esquerda ou para a direita, normalmente com um sorriso a acompanhar, mesmo em fotografias de grupo, com pessoas de ambos os lados?

É uma demonstração espontânea ou planeada? De proximidade, dinamismo, afecto ou juventude? É uma ligação aos restantes elementos da fotografia ou a percepção individual de uma melhor fotogenia? Tentativa ou naturalidade? Tudo e nada. Como se poderia desenvolver este assunto e como seria cansativo. Porque quero desmontar a magia disto? Há sítios onde é melhor não tocar.

Se os resultados desta sondagem forem profícuos, será equacionado o lançamento de outras sobre a pose assumida nas fotografias, para cada uma das partes do corpo, à vez. Alguém conseguiu levar este parágrafo a sério?

Nota: Não me estou a referir a problemas cervicais como os evidenciados pelo Lieutenant Horatio da série CSI Miami.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Lar

Tenho uma avó internada num lar. Quem já visitou um lar estará familiarizado com os agrupamentos de pessoas, juntas mas distantes, a ignorar o som alto da televisão, com extremas dificuldades físicas e neurológicos, e os olhares, ausentes ou excessivamente intensos, e algumas funcionárias de coração enorme, e o passar dos minutos, naquelas paredes.

No entanto, quando vou visitar a minha avó e chego de carro, a primeira imagem que absorvo é a dos dois ou três bancos existentes no espaço localizado nas traseiras do edifício, um lugar ajardinado, razoavelmente aprazível, com sol, alcançável através de um percurso com umas dezenas de metros. Essa fotografia capta as múltiplas limitações a que estão sujeitos os residentes e as minhas reflexões sobre o assunto. Os bancos estão sempre vazios.