Uns adolescentes na conversa, utilizando cada um deles um palavrão mais sonante que o anterior, em cada frase proferida, por afirmação perante o grupo e perante a audiência, à custa de ilusão de ausência de consequências.
Umas senhoras de meia-idade, com pronúncia do norte, falando com uma certeza só alcançável por quem nunca se questionou na vida, e ainda bem, a emitirem frases para a banal combinação de um encontro, em que cada palavra é uma ruído estridente para o meu ouvido arrogante. As frases são repetidas meia dúzia de vezes, em ciclos, como se o sucesso do reencontro depende-se da gravação, por ondas sonoras de alta frequência, no cérebro uma da outra, da hora, do local e da palavra "pronto", enquanto tento ler o meu livro. E só mais uma vez, para a despedida.
Uma brasileira de decoote enorme, a quem não fiz a vontade de olhar, além da primeira análise, para os suas características físicas. Não por os meus instinto não o solicitarem mas por naquela situação querer ser do contra, não lhe fazendo a vontade de me controlar por aquele mecanismo primário, preferindo não ter o efémero, imaterilizável, desconfortável e discutível prazer de apreciar a robustez dos atributos. Pus-me a ler o meu livro mas ainda pensei no assunto.
Um gajo que quando não está a ler ou a observar, pensa: "Quantas destas pessoas têm blogues, mandam-me beijos e abraços e aqui estão de cara séria?" e vai revendo mentalmente o que lá leu ou escreveu e, às vezes, até se sente suficientemente confortável (quase como abraçado) para conversar (sozinho), sonhando acordado, no silêncio da multidão, sabendo-se compreendido ou julgando compreender, às vezes.